O movimento é claro. O poder está voltando para quem sempre o construiu: as marcas.
Durante anos, plataformas independentes dominaram o recommerce global. Mas o cenário muda rapidamente à medida que grandes players assumem o protagonismo do ciclo de revenda, transformando um mercado antes fragmentado em uma estratégia central de valor. O benchmark internacional confirma a direção.
De On Running a Ralph Lauren, a Revenda de Marca se consolida como o modelo mais inteligente de crescimento. Não é apenas sobre sustentabilidade. É sobre controle, margem e construção de ecossistemas que reforçam identidade e propósito.
A On Running inaugurou em 2023 o Onward, seu canal oficial de revenda. Em menos de um ano, mais de 100 mil pares foram revendidos, todos recondicionados pela própria marca. Uma operação que reforça confiabilidade, extensão de uso e fidelidade. (fonte: On Running)
A Lacoste ampliou o movimento com o Lacoste Second Life, recompra direta de polos e peças icônicas. Um gesto simples que transforma circulação em prestígio, autenticidade em novo status.
A Ralph Lauren lançou o Re/Store, integrando revenda e recompra ao ecossistema digital. O impacto fala por si: crescimento de 25% no tráfego orgânico e aumento relevante na taxa de recompra entre clientes ativos.
Esses cases revelam uma mudança estrutural. Quem lidera o ciclo de revenda, lidera o futuro do varejo.
Por décadas, o mercado secundário foi território de terceiros. Agora, marcas recuperam o controle sobre o ciclo de vida de seus produtos e, com ele, o domínio sobre narrativa, relacionamento e rentabilidade. Revender oficialmente deixa de ser um gesto ambiental e se torna uma estratégia sofisticada de gestão de valor.
Cada peça revendida dentro do ecossistema da marca preserva margem, reduz dispersão de demanda, gera dados proprietários e estende o valor simbólico do produto muito além da primeira venda.
Segundo o ThredUp Resale Report 2024, o mercado global de revenda deve alcançar US$ 350 bilhões até 2028, crescendo sete vezes mais rápido que o varejo tradicional. E o segmento que mais acelera é justamente o da revenda direta de marca, o brand-owned resale.
Marcas globais já provaram que a revenda própria é um motor real de valor. A Eileen Fisher, pioneira em modelos circulares, já recolheu mais de 1,5 milhão de peças para reprocessamento desde o lançamento do programa Renew (fonte: Eileen Fisher). A Levi’s consolidou seu SecondHand como um dos maiores cases do varejo americano de revenda, impulsionado por parcerias com o ThredUp e pela expansão de pontos físicos de compra e recompra (fonte: Levi’s x ThredUp). Já iniciativas como Patagonia Worn Wear, Lululemon Like New, Arc’teryx ReGear e COS Resell reforçam o mesmo movimento: a revenda direta pelas marcas aumenta retenção, reduz impacto ambiental e cria novos fluxos de receita.
Os dados comprovam o que o mercado começa a sentir. Crescer já não é apenas vender mais. É vender de novo, com inteligência, recorrência e propósito.
No Brasil, esse movimento está ganhando força e abre espaço para quem quiser liderar. As marcas que se posicionarem agora não entram apenas em um novo mercado. Elas definem a arquitetura dele.
Transformar o pós-venda em vantagem competitiva é deixar de tratar o ciclo como finalização e passar a enxergá-lo como início.
Com a cercle, sua marca lidera a revenda dentro da sua própria praça, com sua identidade, seu valor e seu cliente. O valor do seu produto não termina na primeira venda. Ele continua circulando dentro do seu ecossistema.
A oportunidade está aberta.